Pesquisar este blog

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Libertos para servir: reflexões sobre o prazer no serviço a Deus

Capítulo XIV


Enfermidade e
solidariedade


1. Na Carta aos Gálatas, não há nenhum ensinamento específico sobre como devemos tratar nossos irmãos enfermos. Mas Paulo deixa algumas pistas de como deve ser esta relação, no capítulo 4.

2. Na única vez que Paulo fala de doença ou enfermidade física em Gálatas, fala de si mesmo: “por causa de uma enfermidade da carne vos anunciei o evangelho” (4.13). O que chama a atenção aqui, em primeiro plano, é que, num certo sentido, foi essa incapacidade física (a palavra também traduz fraqueza ou doença) de Paulo que, impedindo-o de continuar viagem, permitiu-lhe ficar entre os gálatas e pregar-lhes o evangelho.

3. Ninguém sabe ao certo qual era a doença de Paulo. Quase todos os estudiosos concordam que era uma doença oftalmológica, pois condiz com a afirmação no versículo 15: “se possível fora, teríeis arrancado os vossos olhos, e mos teríeis dado”.

4. A experiência de conversão de Paulo na estrada de Damasco também corrobora para este fato (At 9). Depois de seu encontro com Cristo, em que um clarão de luz o deixou temporariamente cego, Lucas relata que escamas ou crostas cobriram os olhos do apóstolo (At 9.18). Teriam ficado seqüelas? Muito provavelmente.

5. Porém, Paulo nos deixa uma outra possibilidade de entender a enfermidade. Escrevendo aos Coríntios (2Co 12.1-10), ele afirma que Deus permitira que Satanás o afligisse na carne, para mantê-lo humilde e para demonstrar o poder de Deus em sua vida.

6. Seria o “espinho na carne” (2Co 12.7) essa enfermidade? Não é fácil dizer... Mas também não é a questão mais importante aqui. O fato é que os gálatas demonstraram um zelo e um cuidado muito especial para com o apóstolo em sua enfermidade.

7. Primeiramente, porque não se deixaram afetar pelo preconceito e o receberam e à sua mensagem como se tivessem recebido um anjo do céu ou o próprio Cristo (4.14). Isso é relevante, principalmente, se a cultura espiritual adotada for aquela que relaciona pecado à enfermidade. Quantos movimentos religiosos, atualmente, agem assim, discriminando irmãos que passam por momentos de provação física?

8. Em segundo lugar, Paulo fala da felicidade ou satisfação interior dos crentes da Galácia com a presença do apóstolo. Ele não lhes era um “peso”, apesar de sua enfermidade. Pessoas com idade avançada merecem ser tratados com mais respeito e deveríamos permitir-lhes atuar mais, sem preconceitos estéticos. Isso é democratizar o culto e honrar a Palavra de Deus.

9. A palavra de ordem é solidariedade, ou seja, aquela relação de responsabilidade entre pessoas unidas por interesses comuns, de maneira que cada um sinta-se obrigado a apoiar o(s) outro(s).

10. O fator que nos une e nos faz solidários é Cristo. Por isso Paulo faz o apelo aos cristãos da Galácia para que neles “Cristo seja formado” (4.19), ou seja, que os laços de solidariedade sejam solidificados pela unidade do Espírito.

11. Em que, num sentido prático da esfera da ação social e no cuidado mútuo, o exemplo de Paulo pode nos ajudar?

12. Seria importante manter uma relação com os irmãos enfermos, o que é algo fácil em nossos dias: um telefonema, um bilhete, uma visita rápida, uma oração a Deus pelo seu bem-estar, tudo isso traz muita alegria a quem passa por dificuldades físicas. Precisamos também pensar em mecanismos de inclusão social no culto, sem resmungar por causa do ritmo diminuído, sem forçar os idosos a terem comportamentos joviais e, para aqueles que não podem mais cultuar no templo, por exemplo, produzindo uma fita de vídeo do culto dominical, produzindo um informativo das atividades etc. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário