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domingo, 10 de janeiro de 2010

Libertos para servir: reflexões sobre o prazer no serviço a Deus

Capítulo IV

Uma espiada na
velha vida

1. Será que paramos para pensar sobre quem éramos antes de Jesus Cristo mudar o rumo de nossa caminhada? Na velocidade em que a vida passa diante de nossos olhos, nem sempre nos detemos para essa importante reflexão. Entretanto, essa ação se constitui num dado relevante para o bem-estar das nossas relações cristãs no presente.

2. Às vezes, nossa história passada não oferece muitas possibilidades de orgulho e sentimento de bem-estar. A imagem que temos de nós mesmos encontra-se esvaziada, desvitalizada, isso porque está perdida na padronização que o pecado nos impõe. O fato é que perdemos nossa singularidade, aquela fagulha que mostrava nosso potencial único e pessoal, e que nos distinguia de todos os demais. O pecado iguala todos os homens numa categoria: a das pessoas que têm, dentro de si, neutralizada a potencialidade criativa para a relação com o Criador e com os demais.

3. Mas isso não deve ser assim. O passado pode se tornar num instrumento de transformação, se a imagem que tivermos dele incorporar um paradoxo com o presente. Ou seja, olhar o passado com a perspectiva de quem mudou, avançou, progrediu, ganhou vida.

4. Uma das maneiras de falar do passado é por meio do testemunho. Isso ocorre quando um cristão é convidado pela igreja para falar como era a vida antes de Cristo, e como ficou depois da adesão à fé cristã.

5. Em Gálatas, Paulo foi forçado a fundamentar sua autoridade como apóstolo, pois ele estava sofrendo severas críticas de seus oponentes, todos eles posicionando-se em favor da lei e das tradições judaicas. Paulo precisou fazer uso dessa visão geral de sua conversão, incluindo até mesmo um relato de seu comportamento agressivo contra a igreja, quando ele estava a serviço do Sinédrio. Vamos entender por quê:

6. Em primeiro lugar, como uma tentativa de embasar sua luta contra o legalismo. É obvio que, para aqueles que defendiam a observância estrita das leis para a salvação, o currículo apresentado por Paulo é de causar inveja. Vejamos:

7. Ele diz que perseguia a igreja e a assolava, isto é, buscava a sua destruição (1.13). São palavras dele: “na minha nação excedia em judaísmo a muitos da minha idade, sendo extremamente zeloso das tradições de meus pais” (1.14)

8. Paulo pretendia mostrar que tinha uma posição de destaque entre todos aqueles que adotavam os costumes e ritos judaicos. Seu passado, aos olhos dos judeus, era impecável.

9. Ser “zeloso das tradições dos antepassados” significa demonstrar lealdade intensa à religião judaica e uma ardente devoção ao estrato religioso mais separatista e legalista dos judeus: os fariseus.

10. Os opositores de Paulo teriam tal testemunho a dar? Com toda a certeza, não. Mas aí se encontra a grande cartada de Paulo. Ele abriu mão de tudo isso por amor a Jesus Cristo, em favor da salvação pela graça! Ele agora já incorporava a diferença, aquela singularidade trazida pela nova condição espiritual em Cristo Jesus.

11. Muitos estranham a atitude de Paulo, de testemunhar a passagem da maneira antiga de viver para a atual condição, em Gálatas. Entendamos: não se tratava apenas de buscar a exaltação pessoal. Paulo não se orgulhava do que fizera no passado. Mas ele sabia que Deus o escolhera, um zeloso fariseu, para, com sua própria vida, trabalhar para a conversão de outros como ele ao Senhor Jesus.

12. Com a suspeição dos judeus para com Paulo, devido ao seu passado, o apóstolo tornou-se o missionário maior dos não-judeus, os gentios. Fica para nós uma lição: Não podemos deixar de demonstrar com coragem e alegria o fato de termos sido resgatados de nossa antiga forma de viver. Com o nosso testemunho, Deus pode convencer outros que viviam como nós, trazendo-os para a mesma realidade da liberdade em que agora vivemos.

Um comentário:

  1. A minha amiga, diaconisa Cleide, de São João de Meriti, RJ comentou:

    "Pr. Davi:
    Ao iniciar a leitura deste material, lembrei-me de que não lhe dei uma ótima notícia:
    Tenho um irmão que se chama Renan, com 48 anos de idade, que sofreu um acidente em final de setembro, foi hospitalizado e teve que fazer uma cirurgia para por placa de titânio no fêmur. Ficou quase 40 dias internado no Hospital Miguel Couto.
    Bem, você deve estar perguntando: "Esta é a ótima notícia?"
    Calma! Mas no período que ficou internado, teve crise de abstinência de álcool, ficou possesso de espíritos malignos, de forma que, nós os irmãos, tivemos que, em nome de Jesus, orar e expulsar a legião que dominava a vida dele por mais de 30 anos.
    Um vez liberto, seu coração ficou pronto para receber a semente do evangelho, e isto aconteceu pela visita de uma destas irmãs devotadas à pregação em hospitais. E eu estava lá. Vi que de forma simples, mas gloriosa, aquela irmã Janete, instrumento útil na mão de Deus, falou do amor de Deus, fez o apelo e ele ergueu sua mão.
    De lá para cá temos experimentado ver as mudanças que o Senhor está operando na vida dele. Ele tem vindo aos cultos todos os domingos à noite, em nossa Igreja. Tem estudado a bíblia com o Ministro de Assistência à Pessoa, toda sexta-feira.
    Isto não é uma ótima notícia?
    A velha vida, está mais velha a cada dia. E a nova vida vem se instalando de forma firme. Ele não bebeu mais, e está sendo desafiado a cada dia para deixar o cigarro, definitivamente.
    Está mais bonito, limpo e cheiroso. Não é lindo o que o Espírito Santo de Deus pode fazer na vida de quem quer viver algo novo com Ele? Isto não é glorioso? Agradecemos ao Senhor todos os dias e nos alegramos com este magnífico presente.

    Bom dia e obrigada pelos textos! Vou colecionar e imprimir.

    Deus continue a bençoar sua vida e a de toda sua família."

    Bem, ao ler o e-mail da Cleide, sinto-me pra lá de abençoado.

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