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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Libertos para servir: reflexões sobre o prazer no serviço a Deus

Capítulo XI

o propósito
da lei


1. A lei nos foi dada por Deus com um propósito definido. Nesse sentido, ela é boa, ainda que por causa do pecado estejamos impossibilitados de cumpri-la. Na carta aos Gálatas, Paulo analisa o propósito da lei.

2. Primeira argumentação: a lei serviu de aio (3.24). A palavra grega ‘paidagogos’ (aio), que deu origem à palavra ‘pedagogo’ em nosso idioma, era usada para qualificar uma pessoa, geralmente um servo ou escravo, que tinha a responsabilidade de cuidar das crianças da família à qual servia, levando-as para a escola, brincando com elas, zelando por sua segurança.

3. Evidente que, nesse papel, o termo é aplicado em referência à lei mosaica, que arbitra sobre a humanidade como que em estado infantil, ou melhor, que assume a tutela das relações humanas esperando pelo momento de sua maturidade espiritual.

4. Segunda argumentação: a lei conduz o pecador a Cristo (3.24). A lei, cumprindo seu papel de guardião da humanidade infantil, só o faz até o momento em que a fé surge no cenário da espiritualidade humana.

5. Notai, pois, que a fé não é apenas um exercício de confiança no Ente superior ou apenas um reconhecimento da existência divina. É o apóstolo Tiago, irmão do Senhor, que nos relembra bem essa verdade: “Crês tu que Deus é um só? Fazes bem; os demônios também o crêem, e estremecem” (Tg 2.19).

6. Fé tem conteúdo e objeto. Precisa ser dirigida a Jesus Cristo. Por isso, “depois que vem a fé, já não estamos debaixo do aio” (3.25). Escrevendo aos Romanos, Paulo afirma que por meio de Jesus Cristo Deus satisfez suas próprias exigências santas e voltou contra si mesmo sua ira justa que o pecador merece: “Mas agora, sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus... pela fé em Jesus Cristo para todos os que crêem...” (Rm 3.21,22a).

7. O resultado da fé em Cristo é “o resgate da maldição da lei”. Cristo assumiu o lugar do pecador na cruz do Calvário. Tornou-se, ele mesmo, maldição em nosso lugar (3.13).

8. Imaginemos, por um momento, uma plantação de café. Ela é cuidada com todo o carinho para que, no tempo próprio, o lavrador possa realizar a colheita de seu plantio. A essa imagem podemos associar a transição da lei para a fé. Assim, em Cristo a lei cumpre seu propósito. A humanidade amadureceu. Está preparada para a colheita.

9. Isso acontece segundo “o tempo determinado pelo Pai” (4.2b). Deus conduz a história, preparando-a para a chegada de Cristo, o cumpridor da lei. Paulo chama esse tempo de “plenitude” (4.4).

10. O mundo de sua época havia sido preparado para o advento de Cristo. Vejamos: um idioma falado em todo o mundo, o grego, serviu de base para a escrita e preservação do Novo Testamento, redigido a partir do ano 50 d.C.

11. Também se encontra preparado o caminho das missões cristãs pelas estradas, pontes e cidades romanas, seguindo o grande fluxo das rotas comerciais e o grande afluxo de habitantes nas principais cidades do império.

12. Enfim, Deus nos permitiu viver por algum tempo sob a tutela legal, de espiritualidade e moralidade infantis, reservando-nos para, segundo o seu propósito, recebermos sua revelação em Cristo Jesus, cumprindo a lei e inaugurando uma nova era: a era da fé. 

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