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sábado, 27 de fevereiro de 2010

A igreja modelo: reflexões sobre como viver e divulgar a fé

Comentário de 1Tessalonicenses


Tomando posse da saudação
Capítulo II
Lendo a saudação sob o prisma de quem fosse escrevê-la ou recebê-la  (1Tessalonicenses 1.1)

1. Fôssemos nós os autores da carta, vale a pergunta: aqueles que nos leem (ou ouvem) conseguem nos identificar como instrumentos de Deus para abençoá-los pela simples menção de nosso nome ou de nossa presença física?

2. A resposta só será positiva se, de alguma maneira, houver um sentimento mútuo de prazer no encontro com o outro. Precisamos encontrar em nosso interior o mesmo prazer que Paulo tinha em comunicar o evangelho, fazendo amizades e nutrindo-as com palavras de encorajamento e de esperança. Na minha época de seminarista, isso chamava “paixão pelas almas”.

3. Três sábados, um auditório que procurava respostas para os dilemas da vida e coragem. Foi tudo o que Paulo precisou para alcançar a conversão de gentios idólatras para adorarem ao verdadeiro Deus. Aprendo, com Paulo, que o evangelho é eficaz, não apenas a médio e longo prazo. Há poder imediato no ato da fé, pois é nesse instante que o Espírito da vida passa a viver em nós e nos vivificar. Às vezes, não temos coragem de nos comprometer a curto prazo com alguém que necessita da Palavra de Deus e deixamos de fazer algo em prol do reino por achar que não há tempo suficiente para que o pecador se arrependa.

4. Outra lição paulina é que o sucesso no reino de Deus depende da “cooperação”.  Servir é um esforço conjunto, um dividir de tarefas e de responsabilidades. Não há lugar para disputas internas, ou para inveja dos dons e habilidades do outro, nem receio de não ser o centro das atenções. Deus poderia fazer muito mais por nosso intermédio se fôssemos humildes para ajudar e, também, pedir ajuda.

5. Isso só acontecerá se pudermos confiar nas pessoas, delegar responsabilidades. Nossa confiança não garante o resultado que esperamos, principalmente, se formos pessoas perfeccionistas. Mas o segredo é saber que “...nem o que planta é alguma coisa, nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1Co 3.7).


6. O primeiro versículo de Paulo aos Tessalonicenses me ensina sobre a igreja como lugar de reunião. A igreja é uma organização singular, de caráter espiritual, por sua união com Deus pela mediação de Jesus. A igreja de Jesus não tem nada a ver com os relatos novelescos de desafetos entre cristãos, principalmente, na mesma comunidade em que adoram. Refiro-me às acusações mútuas, ao desrespeito, à indisciplina e ao desamor.

 7. Estar em Jesus, ou seja, viver pela fé nele, torna a vida na comunidade cristã um prazer. Afinal, como ensinou Pedro: “...já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração; tendo antes de tudo ardente amor uns para com os outros, porque o amor cobre uma multidão de pecados; sendo hospitaleiros uns para com os outros, sem murmuração; servindo uns aos outros conforme o dom que cada um recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus” (1Pe 4.7-10).

8. Nas entrelinhas das cartas aos Tessalonicenses, lemos sobre mulheres de posição que compunham a comunidade e, com certeza, muito a influenciavam, uma vez que o mundo gentílico vê a mulher de modo diferente do mundo judaico. Muitos de nós, hoje, temos restrições ao papel da mulher no que se refere à obra de Deus, principalmente, o de liderança.

9. Esse pensamento é um resquício da mentalidade androcêntrica da cultura judaica que serve como pano de fundo para a visão da igreja primitiva. À medida que o evangelho avançava, pelas mãos operosas de Paulo e seus companheiros, a mulher foi recebendo de Deus oportunidades iguais de serviço e atuação. A epístola aos Romanos, por exemplo, faz menção de mulheres operosas naquela comunidade. Quantas “Febes”, “Priscas”, “Marias”, “Júnias”, “Trifenas, Trifosas”, “Pérsides” e “Júlias” conhecemos? (Rm 16.1-12,13, 15).

10. Não deve nos preocupar o fato de não sermos perfeitos. Ser “igreja de Cristo” nada tem a ver com perfeição, mas com viver o amor como um estilo de vida. Pena que a maioria dos crentes desaprendeu esse conceito. O modelo do amor que é repetido pela comunidade é o do próprio Cristo, na sua missão salvadora, que exigiu renúncia e sacrifício. A igreja será modelo se nele estiver firmada em amor (Ef 3.17; Cl 2.7).  Logo, a comunhão do Filho de Deus em amor é o alvo da igreja (1Co 1.9).

11. A saudação paulina nos ensina o caminho das pedras: temos um papai querido que não abre mão de cuidar da gente.  Ter Deus como Pai é fundamental, pois, ele é Pai, primeiramente, do Filho Jesus Cristo, o Salvador. Não se pode ter filiação com Deus sem, primeiro, encontrar o Filho, pela fé, e abrir mão deste mundo pecaminoso. João adverte do perigo: “Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (1Jo 2.15b).

12. A graça me ensina a confiar e depender, exclusivamente, do “Pai das misericórdias e Deus de toda consolação” (2Co 1.3). A paz de Cristo me isenta da culpa e da dor. Reconstrói o mosaico da minha vida, peça por peça, até formar uma figura completa, inteira, sã, harmônica, a despeito de todas as tribulações e aflições.

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