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sexta-feira, 30 de abril de 2010

A IGREJA-MODELO: reflexões sobre como viver e divulgar a fé

CAPÍTULO 9
Verdade, vida e esperança - expectativas cristãs
(1Ts 1.10)


1. Leio os versículos finais do primeiro capítulo de 1Tessalonicenses inquirindo sobre minhas motivações internas, sobre minha atitude em relação à volta de Cristo. Creio que o encontro com o Salvador é o norte de todas as minhas ações como crente e pastor, hoje. Paulo esperava que todos os seus leitores vivessem assim: “Cristo em vós, a esperança da glória; o qual nós anunciamos, admoestando a todo homem, e ensinando a todo homem em toda a sabedoria, para que apresentemos todo homem perfeito em Cristo” (Cl 1.27b,28).  

2. Paulo descreve a conversão a Cristo dos crentes de Tessalônica como alguém bastante impressionado. Tal conversão ou mudança de mentalidade resulta em expectativas presentes e futuras. James Denney(1) afirma que essa conversão tem duas partes ou estágios: primeiro, o abandono da adoração aos ídolos, que significa voltar as costas para toda a estrutura sócio-político-cultural de sua época; segundo, expressa-se na adoção de uma atitude de esperança no mundo em relação à volta de Cristo. Gordon Fee(2) prefere destacar três aspectos do evento: primeiro, o contraste entre o antes e o depois; segundo, a percepção que o salvo vive entre esta era e a vindoura, quando a salvação será efetivamente concluída; terceiro, que o único responsável pela conversão do salvo é o Filho de Deus, ressurreto dentre os mortos.


3. Paulo vê no sistema religioso pagão de tendência idólatra nada mais que ignorância e pecaminosidade. Esse sistema é produto da inimizade entre o pecador e Deus, sendo influenciado por hostes espirituais da maldade. 


4. A triste relação da crise política e social com essa crise religiosa fundamental (o abandono do verdadeiro Deus para para adotar rituais idolátricos) pode ser identificada por todo o Antigo Testamento. Lemos nos relatos dos profetas sobre a ausência de soberania política, sobre a contínua tendência à idolatria e surtos de miséria social de todas as ordens. Os israelitas perderam o rumo e o sentido de sua existência sacerdotal no mundo por causa da idolatria. O mundo do Novo Testamento, por sua vez, transitando na religiosidade greco-romana, era sustentado por esse politeísmo, isso tornava a vida dos crentes de Tessalônica um grande desafio. Sua conversão significava, em termos práticos, a marginalidade. Será que nós toparíamos uma ruptura desse porte, ideológica? A maioria dos crentes parece responder com atitudes secularizadas e se adequar à forma de viver do mundo. Não é à toa que se ouve muito, hoje em dia, sobre a necessidade de verdadeira conversão nas igrejas.


5. Paulo escreveria ao Coríntios, algum tempo depois, esclarecendo a questão do sentido continuativo da vida: “Se é só para esta vida que esperamos em Cristo, somos de todos os homens os mais dignos de lástima” (1Co 15.19). Esse sentimento de infelicidade e desencanto diante da vida e do futuro, que Paulo chama “lástima”, torna a existência humana um fardo pesado. 


6. Isso é muito significativo. Aponta para uma realidade um tanto paradoxal: pessoas podem ter experiências significativas no âmbito do lazer, ser contemplados com uma gama de necessidades e expectativas naturais de sua humanidade e, ainda assim, sentirem-se incompletas. Falta-lhes a experiência mística (aquela que somente a fé pode oferecer). Mas será qualquer experiência mística?


7. Desde a virada do século, muito se tem estudado sobre esse “ponto Deus” em nosso cérebro. Em 97, o neurologista Vilayanu RamaChandran, da Universidade da Califórnia, diretor do Centro para o Cérebro e a Cognição, identificou o “ponto divino” no cérebro humano, localizado entre conexões neurais nos lobos temporais.(3) É o local ativado quando se tem uma experiência mística. Ele aciona necessidade humana de buscar um sentido para a vida. Em 2000, Danah Zohar e o Dr. Ian Marshall, no livro QS – Inteligência Espiritual, demonstram como funciona no cérebro este tipo de inteligência que aborda e soluciona problemas de sentido e valor, questões acerca do bem e do mal, sentir compaixão, alterar paradigmas. Sua função é integrar a razão e a emoção. Esses estudos abrangem a experiência mística de toda e qualquer ordem.


8. Paulo, por outro lado, está bem certo da especificidade dessa experiência de fé. A fé que precisamos ter não se trata de qualquer experiência de fé ou de uma fé dirigida para um “Deus de todas as religiões”. Trata-se da fé na pessoa de Jesus Cristo, ressuscitado, que vive em poder e glória, aguardando o momento de retornar para julgar o mundo. 


9. Por isso, Paulo precisa caracaterizar seu Deus, numa visão evidentemente judaica, chamando-o “vivo e verdadeiro” (1.9b), diferençando-o de todas as demais criaturas e seres existentes, como o único para o qual as criaturas podem dirigir sua fé, que significa “esperar dos céus a seu Filho” (1.10a). Paulo explica que ter fé em Deus é servi-lo, em adoração. Ora, nem gregos nem romanos poderiam sequer pensar na hipótese de “servirem” a Deus como indivíduos. Havia sacerdotes e profetisas cultuais para mediar essa relação com a divindade escolhida.


10. Um único livro do Novo Testamento confere a Jesus Cristo os títulos de “Sacerdote”, “Sumo Sacerdote” e “Mediador da Nova Aliança”, no sacrifício do seu corpo, consumado sobre a cruz e apresentado ao Pai com a ressurreição e a ascensão ao céu: Hebreus (9.11-15). Isso me leva a concluir que não há possibilidade de perceber o sentido da vida, nem de dar-lhe direção, a não ser que, como indivíduos, nos relacionemos diretamente com Deus, na pessoa de seu Filho Jesus Cristo. 


11.  Penso em Jesus como Mediador da paz, da esperança vital, da comunhão com o Pai, pois ele é Deus. Ir a ele é ir a Deus, diretamente. Infelizmente, nossa sociedade acompanha hoje essa tendência idolátrica, inclusive, de personalidades religiosas mediadoras de graças especiais. Corremos o perigo de assumir antigos papéis equivocados, como os sacerdotais de mediação. Aos olhos de Deus, somos todos sacerdotes, adoradores, prestando-lhe a exclusiva adoração que só ele merece.


12. A falta de expectativas presentes e futuras leva o homem ao desespero. E existe um desequilíbrio interno muito particular. Paulo está interessado nele: o medo em relação ao destino eterno. Ter fé em Jesus é, para Paulo, acreditar que ele “nos livra da ira vindoura” (1.10c). Uma expectativa de condenação no juízo final tem produzido muitas respostas erradas na humanidade. Alguns creem que podem se salvar,durante a vida e, também, depois dela.(4) Triste engano. O homem só poderá sentir-se em paz com a vida e esperançoso de seu futuro a partir da certeza da salvação recebida do próprio Deus, quando da fé em Cristo, esperança dos homens. Você já creu assim, como ensina a Palavra de Deus? Você se sente confiante para aguardar o Senhor, no sentido de estar preparado para o dia do julgamento? Você tem procurado atuar, de modo firme e esperançoso, para que os outros tenham esperança de viver eternamente com Deus? Se suas respostas são positivas, sua fé tem sido eficaz para testemunhar a salvação recebida.
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1 DENNEY, James. The epistles to the tessalonians, London: Hodder and Stoughton, p. 53.
2 FEE, Gordon. Christology in the Thessalonian Correspondence,  p. 39.
3 O Frei Lonardo Boff traz excelente explicação do fenômeno no link http://www.verdestrigos.org/sitenovo/site/cronica_ver.asp?id=1356.
4 Assim as religiões que ensinam a autojustificação e o espiritismo que vê na reencarnação uma oportunidade constante de redenção.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

A IGREJA MODELO: reflexões sobre como viver e divulgar a fé

Capítulo 8
Modelos de fé - O progresso espiritual dos crentes de Tessalônica
(1Ts 1.7-9)

1. É da natureza humana imitar, culturalmente, reproduzindo modelos que aparecem no dia-a-dia, principalmente, em tempos modernos, com a exposição na mídia. Bordões (frases inventadas por humoristas), gestos, vestimentas e estilos compõem o arsenal da imitação.

2. Será que temos imitado pessoas dignas? Temos, nós, filhos de Deus, oferecido ao mundo um exemplo de fé semelhantes aos dos discípulos de Cristo?

3. A igreja em Tessalônica havia alcançado sucesso no quesito de oferecer ao mundo um exemplo de conduta cristã. Essas mudanças profundas na vida do salvo serão o alvo da análise de 1Tessalonicenses 1.7-9.

4. “De sorte que...” – Paulo inicia o versículo 7 do primeiro capítulo com a expressão grega “hoste”, que apresenta uma relação de consequência com o versículo anterior, e que poderia ser traduzido “Por consequência”, “A ponto de”, “De modo que”. Paulo está afirmando que, depois de ter recebido com alegria a Palavra da verdade do evangelho, imitar o Senhor Jesus tem consequências positivas para o testemunho cristão.

5. “...vos tornastes modelo” – Não se pode receber Jesus e ficar da mesma maneira de antes. Quem imita Cristo torna-se modelo. A palavra grega, “typos”, traduz a idéia de uma marca, impressão, imagem, esquema, padrão moral, modelo.

6. Quem são aqueles a quem Paulo se refere na frase “...para  todos os crentes na Macedônia e na Acaia”? Macedônia e Acaia (Grécia) formavam juntas uma província imperial (de 15 a.C. a 44 d.C). À época de Paulo, ambas eram províncias senatoriais. No ano 67 d.C, o imperador Nero declarou a Acaia livre.

7. Algumas ocorrências da palavra "modelo" são esclarecedoras: É a mesma palavra usada por Tomé, diante dos discípulos, pedindo para ver e tocar o “sinal” dos cravos no Cristo ressurreto (Jo 20.25). Também, é a que traduz o “modelo”, o “esquema” dado por Deus a Moisés para a construção do tabernáculo (At 7.44). Em Romanos 6.7, Paulo a usa para traduzir a “forma” de doutrina ou ensino que corresponde à mensagem de salvação. Fala, também, de seu próprio “exemplo” de vida deixado para os crentes de Filipos (Fp 3.7). E na segunda carta aos Tessalonicenses, repete este argumento para os crentes dessa igreja: “...para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes” (2Ts 3.9).

8. Mas é no texto da carta pastoral a Tito que Paulo desenvolve melhor a ideia de oferecer um “modelo” de vida. Ele orienta seu discípulo e líder eclesiástico: “Em tudo te dá por exemplo de boas obras...” (Tt 2.7). É o mesmo que “colocar-se numa situação”, oferecer-se como” um exemplo para os demais. Obras realizadas em nome de Jesus oferecem sólido testemunho (Mt 5.16). A ideia não é a de “aparecer”, ficar nos holofotes (Mt 6.1). É da natureza do salvo agir assim (Ef 2.10; Tt 3.8). Esse deve ser um compromisso pessoal de cada salvo.

9. De acordo com a descrição de Paulo no versículo 8, o modelo oferecido pelos crentes é evangelizatório. Ele afirma que o evangelho "ecoou para fora" (do grego "exekhetai"), ou seja espalhou-se para além daquelas províncias. Paulo falava da divulgação da Palavra de Deus mas, também, da repercussão da vida deles como forma de testemunho ao mundo romano: "a  vossa  fé para  com  Deus  se  divulgou" (aqui, também, exekhetai).

10. Crentes cuja fé em Deus é perceptível são autoconscientes e automotivados: "de tal maneira que já dela não temos necessidade de falar coisa alguma" (v. 8c). Se você é assim, tenha certeza de que motiva e incentiva muitos outros seguidores de Jesus a serem fiéis e produtivos no reino.

11. Uma palavra acerca da fé em Deus: Crer em Deus é abandonar o mundo, renunciando o pecado como escolha de vida para voltar para o Senhor. Implica na conversão: "vos convertestes a Deus" (v. 9), afirma Paulo acerca deles. A palavra grega "epestrepsate" se traduz como "virar-se para", "retornar", "voltar". Essa ruptura tem caráter permanente, por causa da ação de Deus em guardar o crente na sua fé. É o que afirmam dois escritores bíblicos: o autor da epístola aos Hebreus e Pedro. A carta aos Hebreus diz acerca dos salvos, comparando seu comportamento com o dos apóstatas: "Nós, porém, não somos dos que retrocedem para a perdição; somos, entretanto, da fé, para a conservação da alma" (Hb 10.39). Pedro, também, afirma a segurança do salvo, nas poderosas mãos do Senhor: "...sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo" (1Pe 1.5).

12. Deveríamos nos perguntar, constantemente, se precisamos de "muletas" para crer ou se nossa fé está firmemente enraizada numa disposição especial para com Deus: "vos convertestes... para  servirdes ao Deus vivo e verdadeiro" (v. 9). Somente essa disposição para o serviço pode fazer com que nossa fé seja permanente. Ociosidade e fé não são palavras enunciadas numa mesma frase.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

3º encontro educativo de 2010 - SIB da Pavuna, RJ

Foi muito edificante ter ministrado aos professores da SIB da Pavuna, RJ, no sábado passado.





Agradeço à educadora religiosa Denise e desejo ao pastor e sua equipe muito sucesso com a Ponte da Fé, que deverá dirigir o avanço missionário das classes de ensino bíblico.

Foi legal voltar e rever professores que se tornaram parte de minha vida ministerial, depois de um ano.






A turma do ano passado - 2009